Empresas recorrem a carros de som com anúncios de vagas para contratar em Ribeirão Preto, SP
01/11/2025
(Foto: Reprodução) Empresas recorrem a carro de som para anunciar vagas e contratar em Ribeirão Preto
Entre janeiro e julho de 2025, Ribeirão Preto (SP) teve 94,4 mil admissões e 89,1 mil desligamentos, o que representa um saldo positivo de 5.248 novos empregos.
O número total de vínculos ativos chegou a 258,1 mil, alta de 2,6% em relação a 2024, de acordo com a Associação Comercial e Industrial (Acirp), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Mas, apesar da boa fase, a dificuldade para contratar funcionários persiste. Consultorias de recursos humanos ouvidas pela EPTV, afiliada da TV Globo, apontam que há casos em que menos de 30% das vagas abertas conseguem ser preenchidas, mesmo com salários compatíveis e benefícios.
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De acordo com o consultor de RH Amaurhy Zucolaro, o cenário se agravou nos últimos dois anos. Ele conta que, em um centro de distribuição com 114 vagas abertas, apenas 25 foram preenchidas, mesmo com salários em torno de R$ 2 mil.
A saída é recorrer a carros de som, tendas de recrutamento em bairros e ações itinerantes para divulgar oportunidades.
“Antes, a gente divulgava uma vaga e recebia dezenas de currículos. Agora é o contrário, precisamos ir atrás das pessoas. Temos usado carro de som nos bairros e montado tendas em praças para chamar atenção dos candidatos", diz Zucolaro.
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Segundo ele, a ausência de candidatos interessados, principalmente entre os jovens, é preocupante.
"Muitos buscam formas mais rápidas de renda e evitam empregos fixos, com horário comercial".
Carteira de trabalho
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Na prática, a falta de trabalhadores tem impacto direto na rotina das empresas, como é o caso de uma especializada em remodelagem, que tem 18 funcionários e cinco vagas abertas há meses.
O empresário Marcelo Reis Cardoso afirma que a falta de pessoal limita a produção.
"A gente poderia crescer mais, mas não consegue, porque falta mão de obra. Quando demora pra entregar, o cliente procura outro lugar".
O problema também é sentido em outros setores. Uma empresa de locação de plataformas e equipamentos para construção civil, mantém oito vagas abertas apenas no setor de manutenção.
"É uma dificuldade nacional. Falta gente qualificada e há uma nova geração que busca flexibilidade, prefere outros nichos. Isso afeta o dia a dia e obriga a rever escalas e prazos", diz Flávio Morales, gerente da empresa.
'Olha o emprego!'
Para lidar com a falta de candidatos, algumas consultorias e empresas têm apostado em ações de rua. Em Ribeirão, o carro de som, com o tradicional 'Olha o emprego!' circula por bairros próximos às empresas anunciantes e ajuda a atrair quem não costuma procurar vagas pela internet.
A empresária Suzana, dona da empresa responsável pelos anúncios sonoros, diz que a procura aumentou.
"Neste ano, a demanda cresceu muito. Agências de RH e empresas têm buscado o carro de som como uma ferramenta para divulgar oportunidades e atrair candidatos".
Carro de som circula por bairros de Ribeirão Preto para divulgar vagas de emprego e atrair candidatos interessados nas oportunidades abertas
Carlos Trinca | Reprodução EPTV
Além dos anúncios itinerantes, consultorias de RH também têm montado tendas em praças, igrejas e locais de grande movimento, o chamado recrutamento ativo — um modelo em que as empresas vão até onde o trabalhador está.
"Estamos indo atrás das pessoas, inclusive em outras cidades e estados. É uma nova fase do mercado, em que a empresa precisa ser criativa para encontrar e manter seus talentos".
Segundo o Caged, o setor de serviços lidera a geração de vagas em Ribeirão Preto, com 3.489, seguido por indústria (736), comércio (613), construção civil (409) e agropecuária (1).
Desemprego em baixa, informalidade controlada
O cenário estadual confirma o ritmo de aquecimento do mercado. Segundo dados da Fundação Seade e do IBGE, a taxa de desemprego em São Paulo ficou em 5,1% no 2º trimestre de 2025, a menor da série histórica iniciada em 2012.
O estado soma 24,3 milhões de pessoas contratadas, o maior número em 13 anos. Desse total, 11,6 milhões trabalham com carteira assinada, o que representa 82,9% dos empregados do setor privado — a segunda maior proporção do país.
A informalidade também recuou: 29,2% da população ocupada atua sem registro, o menor índice desde 2017.
Ainda assim, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que o déficit de fiscalização trabalhista e a queda no número de auditores dificultam a formalização completa do mercado.
Empresas de diferentes setores em Ribeirão Preto enfrentam dificuldade para preencher vagas e têm adaptado estratégias de recrutamento para atrair novos funcionários
Carlos Trinca | Reprodução EPTV
*Sob a supervisão de Flávia Santucci
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