Funcionários da ONU e de outras agências humanitárias tentam encontrar soluções para entregar comida à população em Gaza
17/10/2025
(Foto: Reprodução) ONU enfrenta desafios para entregar comida à população de Gaza
Funcionários da ONU e de outras agências humanitárias tentam encontrar soluções para entregar comida à população, diante das restrições à entrada de ajuda em Gaza.
Aos poucos, a rotina está mudando em Gaza.
“Se estivéssemos falando há uma semana atrás, você com certeza ouviria o barulho de drones, você ouviria o barulho de mísseis, talvez no background, e agora a sensação é outra. Eu estou ouvindo o barulho da chamada da oração aqui em uma mesquita próxima aqui, de onde eu estou”, conta Rodrigo Mota, assessor especial do PMA/ONU.
O brasileiro Rodrigo Mota trabalha no Programa Mundial de Alimentos da ONU - uma das maiores agências humanitárias do mundo, que envia ajuda a mais de 80 países. Rodrigo é coordenador da agência e está na região central da Faixa de Gaza, por isso a conexão de internet falhou algumas vezes. Ele contou ao Jornal Nacional que, mesmo com o cessar-fogo, a entrega dos alimentos ainda está longe do ideal.
“O cessar-fogo, como eu disse, significa a cessação das hostilidades, a cessação do bombardeio. Mas não significou ainda para nós a abertura de todas as portas de entrada de assistência humanitária para a Faixa de Gaza. Nesse momento, dos cinco corredores humanitários que existem, apenas dois estão funcionando”, diz Rodrigo Mota.
Funcionários da ONU e de outras agências humanitárias tentam encontrar soluções para entregar comida à população em Gaza
Jornal Nacional/ Reprodução
Na quinta-feira (16), cerca de 950 caminhões carregados com alimentos entraram no território por dois corredores. A maior parte segue presa, fora de Gaza, aguardando autorização de Israel, que exige inspecionar cada um dos caminhões.
A ONU diz que tem estoque para alimentar, por três meses, quase todos os 2 milhões de civis que estão em Gaza. A ONU também tem entregado farinha de trigo para dez padarias dentro de Gaza que fornecem pão para 500 mil pessoas todos os dias.
Os agentes humanitários têm enfrentado outra dificuldade: distribuir ajuda para o norte do território, porque estradas foram destruídas durante a guerra. Além disso, Rodrigo contou que há preocupação com a segurança das equipes:
“A situação de instabilidade dentro da Faixa de Gaza perdurou por tanto tempo que hoje se vê incidentes de segurança por meio da ação de outros atores daqui na Faixa de Gaza também. Eu estou falando de gangues. Eu estou falando de clãs que ainda estão ativos. A gente espera que, se tivermos o acesso e conseguirmos entrar com o maior número de caminhões de ajuda humanitária, que esses problemas deixem de existir, porque o volume de assistência humanitária também inibe a ação de grupos armados, por exemplo”, afirma.
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